Salvo da extinção, cavalo pantaneiro é destaque para manejo do gado em grandes propriedades
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O cavalo Pantaneiro foi salvo após ser ameaçado de extinção. Em 1972, a raça chegou a ter apenas 100 animais, mas hoje são mais de 10 mil cavalos registrados na Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Pantaneiro (ABCCP). Esse resultado deve-se ao trabalho dos produtores da região, em conjunto com as ações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que criou, em 1988, o Núcleo de Conservação da Embrapa Pantanal, em Corumbá (MS).
Na ocasião, Fantástico, Capricho e Carumbé, os primeiros cavalos Pantaneiros reprodutores (garanhões) do núcleo, juntaram-se a 20 potrancas de diversas fazendas do município de Poconé (MT). O cruzamento dos animais visava a preservar e difundir a diversidade genética da raça, que tem como principal função o manejo do gado, criado em grandes propriedades, com áreas em torno de 10 mil hectares.
O cavalo Pantaneiro também é utilizado como meio de transporte e adapta-se com facilidade às condições climáticas da região, como cheias e secas. “Os animais chegam a percorrer 60 quilômetros por dia, o que confirma a resistência às adversidades”, enfatiza o peão Vandir Dias da Silva, responsável pelo manejo do gado na Fazenda Nhumirim (MS).
As vantagens desses animais foram percebidas pelo produtor da fazenda Santa Maria II, José Benedito Boabaid, que investe há 83 anos no cavalo Pantaneiro. “Tenho 200 animais dessa raça, que lidam com o gado. Os funcionários usam os cavalos também para laçar os animais doentes e curar umbigos de bezerros que acabaram de nascer”, ressalta.
Resistência ao calor e exercício
Além dos estudos de caracterização da raça (genética, fenotípica, criação e funcional), a Embrapa preocupa-se em manter a diversidade genética do núcleo, por meio de programas de acasalamento. “Separamos rebanhos formados por dez éguas e um reprodutor, em função da análise do pedigree, e trocamos os machos a cada três anos”, explica a pesquisadora da Embrapa Pantanal Sandra Santos. A expectativa é que a empresa desenvolva, nos próximos anos, programas de seleção que também levem em consideração características de adaptação e funcionalidade.
A estagiária do Núcleo de Criação Gianni Aguiar da Silva, estudante de zootecnia da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), acompanhou o teste de resistência de dez animais ao calor e ao exercício, durante cinco dias. O horário escolhido foi o mais quente (das 9h30 ao meio-dia) e os cavalos executaram passo normal, trote, trote comprido, galope e carreira.
“Nesse período, utilizamos o termógrafo para identificar a temperatura superficial, verificamos as taxas cardíacas e respiratórias e medimos a temperatura retal, antes e depois dos exercícios”, declara Gianni Silva.
Campeonatos e leilões
O cavalo Pantaneiro é utilizado, ainda, em exposições, campeonatos, leilões e julgamentos da raça. É nesse setor que investe o produtor do Haras Santa Bárbara, em Ladário (MS), João Francisco Pereira Lima. “Dos 42 animais que tenho nesta propriedade, o destaque é a égua Mercedita, de sete anos, que foi premiada em todos os campeonatos de que participou. Além disso, conquistou o título de grande campeã da raça, em que disputaram as vencedoras das categorias égua jovem, égua e sênior”, comemora Lima.
A égua Tantan, da Fazenda Santa Maria II (MS), já ganhou as provas de potra maior, em 2009, no município de Corumbá, e de égua jovem, em 2010, em Campo Grande. Quando participa de competições, permanece na baia do Parque de Exposições do Sindicato Rural de Corumbá.
“Recomendamos que, nesses casos, o animal chegue, no mínimo, 90 dias antes das disputas para ficar mais calmo, praticar uma hora de exercícios diários e receber alimentação balanceada com capim e ração rica em proteínas e carboidrato”, informa o veterinário e criador Joaquim Silva Júnior.
Dados do Centro de Criadores de Cavalo Pantaneiro de Corumbá apontam que, em 2009, foram leiloados 28 animais da raça no município. Nesse ano, a que teve o maior lance foi uma potra do Núcleo de Conservação da Embrapa Pantanal arrematada por R$ 36 mil. O maior lance obtido em leilões foi para a égua Herança da Promissão, comercializada por R$ 168 mil, em Cuiabá (MT).
Registro
Para o animal recém-nascido receber o documento provisório, é necessário que os pais tenham registro. No caso do definitivo, é imprescindível que o cavalo tenha idade mínima de três anos, possua características da raça pantaneira, como altura de, no mínimo, 1,40 metro (machos) e 1,35 metro (fêmeas), apresente andamento trote e proporções corporais equilibradas. (Kelly Beltrão, da ABr)