quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Bioma Pantanal é destaque no Bom dia Brasil


09/12/09 -

O Pantanal foi tema de reportagem para a série Biomas do Brasil. A planície pantaneira encerrou o conjunto de matérias jornalistísticas que compuseram a série que foi ao ar por uma semana, no jornal Bom dia Brasil, da emissora Globo, todas as manhãs com produções sobre todos os biomas brasileiros.

Hoje foi a vez do bioma Pantanal, que, por sua localização geográfica é de particular relevância, uma vez que representa o elo de ligação entre o Cerrado ( no Brasil Central), o Chaco (na Bolívia), e a região Amazônica, ao Norte, identificando-se, aproximadamente, com a bacia do alto Paraguai.

Como área de transição, a região do Pantanal ostenta um mosaico de ecossistemas terrestres, com afinidades, sobretudo, com os Cerrados e, em parte, com a floresta Amazônica, além de ecossistemas aquáticos e semi-aquáticos, interdependentes em maior ou menor grau.

No site G1 você pode acompanhar como foi o trabalho dos profissionais sul-matogrossenses envolvidos nesta reportagem. Jornalistas e operadores de câmera comentam as dificuldades do trabalho na região.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Em homenagem aos índios do Pantanal, Almir Sater canta 'Kikiô'


Jacqueline Lopes


O músico sul-mato-grossense Almir Sater fez um show no dia 7 de outubro no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília (DF). Na capital federal cantou Kikiô (*) em homenagem ao povo nativo do Pantanal.

O gerente do memorial, Marcos Terena em seu blog disse que ao menos 1.200 pessoas acompanharam o espetáculo ‘enquanto a lua crescia sobre o céu do Planalto Central’.

A repercussão do encontro de Marcos Terena com Almir Sater ganha uma simbologia por unir o produtor rural, o índio e a preocupação com o desenvolvimento sustentável tanto propagado pelos organismos internacionais.

Segundo o vice-presidente da ONG Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena e membro da Articulação dos Povos Indígenas do Pantanal, Lísio Lili, o músico já demonstrou em entrevistas o respeito pelos povos nativos.

Sater tem propriedades rurais dentro do Pantanal e assim como Marcos Terena nasceu na região.

Em Brasília,l Terena busca o apoio do artista para que índios e pantaneiros estejam unidos nas políticas de meio ambiente e pela demarcação.

No dia 27 de agosto, o músico e pecuarista Almir Sater, filiou-se a Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) e no ato, disse ao Midiamax que o governo precisa apoiar os indígenas.

“O Brasil inteiro era dos índios, assim como eles [os índios] não gostaram que suas terras fossem tomadas, os produtores rurais também não gostariam que isto acontecesse”, disse o músico durante o ato de filiação.

“Tenho respeito pelos nossos irmãos [índios]. Tivemos sorte em comprar ou herdar nossas terras, mas sei que tem trabalhador sem terra melhor do que nós. Respeito a todos eles”.

Música Kikiô

Kikiô nasceu no centro

Entre montanhas e o mar

Kikiô viu tudo lindo

Tudo índio por aqui

Índio América, teus filhos

Foi Tupi, foi Guarani

Kikiô morreu feliz

Deixando a terra para os dois

Guarani foi pro sul,

Tupi pro norte

E formaram suas tribos

Cada um em seu lugar

Vez em quando se encontravam

Pelos rios da América

E lutavam juntos contra o branco

Em busca de servidão

E sofreram tantas dores

Acuados no sertão

Tupi entrou no Amazonas

Guarani ainda chama

Kikiô na lua cheia

Quer Tupi, quer Guarani

Kikiô na lua cheia

Quer Tupi, quer Guarani

Kikiô na lua cheia

Quer Tupi, quer Guarani

Alessandra de Souza

Kikiôooooooo

sábado, 29 de agosto de 2009

Cineasta prepara documentário sobre o Pantanal de MS

"Não tenho a intenção de fazer um filme científico, tampouco dentro dos clichês de proteção à natureza ou algo do gênero. Mas não posso prescindir de tomar como base a visão que os pesquisadores da Embrapa têm do Pantanal". Essa é a opinião do cineasta gaúcho radicado no Pantanal, Maurício Copetti. Na última semana, ele visitou a Embrapa Pantanal, sediada em Corumbá, para conversar com diversos pesquisadores. O objetivo é coletar informações iniciais sobre as linhas de pesquisa, as peculiaridades socioambientais da região e a própria visão dos cientistas sobre um dos mais importantes biomas do mundo. Tudo servirá de suporte para um documentário sobre o Pantanal, que ele começará a produzir em setembro.

Em conversas filmadas com pesquisadores de diversas linhas, como fauna, pesca, vegetação, mudanças climáticas e sociologia rural, Copetti procurou construir uma visão ampla da região, mais voltada para a sua relação com o homem pantaneiro do que com os limites políticos e geográficos. "A ideia é mostrar, com uma forte narrativa visual, a evolução da região desde suas primeiras eras geológicas até a ocupação pelo homem. A visão dos pesquisadores é muito importante para construir esse 'todo'", disse Maurício. Ele é diretor, entre outros, do premiado curta-metragem "Nanquim", que tem no elenco a atriz Bianca Machado.

Perguntado pelo cineasta sobre o que o Pantanal representa para ele, o pesquisador Ivan Bergier, especializado em mudanças climáticas, respondeu: "Muito mais que um objeto de estudo, o Pantanal é para mim uma grande fonte de inspiração." Com informações da assessoria de imprensa da Embrapa Pantanal.

Fonte: MidiaMax News

sábado, 20 de junho de 2009

4ª Cavalgada no Pantanal acontece em julho em MS


ta-feira, 19 de Junho de 2009 | 08:15Hs



Campo Grande (MS) - De 23 a 26 de julho de 2009, você e sua família estão convidados a fazer um passeio inesquecível em total sintonia com a natureza. É a 4ª Cavalgada no Pantanal e 1º Simpósio de Pecuária Orgânica que vão proporcionar quatro dias inesquecíveis a você, sua família e amigos. Uma ótima oportunidade para relaxar, se divertir e fortalecer os laços de amizade em pleno Pantanal sul-mato-grossense, com toda a hospitalidade do homem pantaneiro.

Em meio à exuberante fauna e flora da maior planície alagável do mundo, os participantes atravessarão corixos, vazantes, rios e matas nativas deste santuário ecológico. Conhecerão ainda a cultura e a culinária pantaneiras com bailes e cafés da manhã típicos da região.

Ao longo da programação, haverá ainda palestras de pecuária orgânica com grandes pesquisadores do tema, como Dra. Silvia M. de Q. Caleman, da USP; Dr. Antônio Márcio Buainain, da Unicamp; e Dr. André Steffens de Moraes, da Embrapa Pantanal.

Para o presidente da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica, Leonardo Leite de Barros, o evento já faz parte da tradição regional: “É uma oportunidade para as pessoas do meio urbano, tanto os sul-mato-grossenses quanto os turistas, conhecerem a cultura e a forma de vida peculiar do homem pantaneiro”.

Ele ressalta ainda que a característica da cavalgada é a relação “homem e cavalo”, este último um instrumento de trabalho no pantanal: “É uma relação bem definida, onde as pessoas, além desse contato com os animais e com as belezas cênicas da região, poderão interagir com empresários, trabalhadores rurais, enfim, gente de todos os segmentos da sociedade que participarão”.

“Além de todo esse conhecimento, os participantes vão se inteirar sobre a certificação do gado orgânico, processo organizado por um grupo de produtores através da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica e conhecer uma fazenda devidamente certificada”, finaliza Leonardo.

O evento é uma realização da Associação dos Criadores do Cavalo Pantaneiro do MS (ACCP MS) e Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO Pantanal Orgânico), com patrocínio da Real H, WWF Brasil e Embrapa Pantanal, e apoio da Acrissul, UPPAN, União dos Pantaneiros da Nhecolândia, Sociedade de Defesa do Pantanal (Sodepan), AVRN, Escola de Qualificação Rural da UFMS, Gráfica Pontual e Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, através da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro).

Serviço
4ª Cavalgada no Pantanal e 1º Simpósio de Pecuária Orgânica
De 23 a 26 de julho de 2009, na Fazenda Rancharia, no Pantanal da Nhecolândia

Informações e inscrições pelos fones (67) 3042 7427, 3042 7428 ou 9985 0292 ou pelo email cavalgadanopantanal@hotmail.com

quinta-feira, 4 de junho de 2009

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Cheia do rio Paraguai pode ser a menor em 35 anos


Quarta-feira, 13 de Maio de 2009 | 10:29Hs

Alex Mello

O período das cheias no Pantanal pode ser o mais seco dos últimos 35 anos. A previsão é do pesquisador Ivan Bergier, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Segundo a previsão da Embrapa, a altura máxima das águas do rio Paraguai, durante as cheias (entre maio e junho) deve ficar entre 2,7 e 3,3 metros. Se ficar próxima ao valor mais baixo, será semelhante ao registrado na seca prolongada, de 1964 a 1973, quando a altura máxima do rio ficou entre 1,1 (1971) e 2,7 metros (1965). Desde 1974, a altura havia permanecido entre 3 e 5 metros.

A previsão tem como referência a altura das águas do rio Paraguai na base naval da marinha, no município de Ladário, onde são realizadas medições desde 1990.

Apesar de ainda não sentirem os efeitos da estiagem, os fazendeiros da região já estão se preparando. "Sabemos que vai ser a maior seca dos últimos tempos", diz Ricardo Lins de Barros, diretor do Sindicato Rural de Corumbá (MS).

De acordo com Bergier, ainda é cedo para falar em tendência de uma seca prolongada ou para especular as causas do fenômeno. Não há relações provadas, por exemplo, com influência do El Niño ou La Niña. Bergier também trabalha com a possibilidade de a seca ser consequência de uma oscilação atmosférica no Oceano Atlântico Norte que estaria "segurando" a umidade, mas admite que as causas ainda estão em especulação: "Sabemos que teve muita chuva na Amazônia, e essa chuva não chegou aqui por alguma razão".

O pesquisador explica que o período de chuvas na região é entre outubro e março, mas o efeito nas águas dos rios é percebido em meados de maio e junho - período mais seco. "A profundidade dos rios da região depende do volume de chuva nas cabeceiras, que ficam no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, na divisa com o Paraná." O baixo nível dos rios, portanto, é conseqüência da pouca chuva.

Incêndios:
Bergier chama atenção para alguns efeitos da seca que já podem ser sentidos, por exemplo, incêndios. "Algumas regiões do Pantanal, como a do rio Paraguai, já estão sofrendo com incêndios, o que é uma coisa rara nessa época do ano. Normalmente, elas acontecem no segundo semestre, período de seca. Mas este ano, em janeiro já teve incêndio".

O pesquisador observa que as previsões não significam que todo o Pantanal vai secar. "O quadro crítico é nas regiões do Paraguai, Abobral e Miranda."

Seca já atinge centro-sul do MS:
Se os efeitos da estiagem ainda são sutis no Pantanal, o quadro é diferente na região centro-sul do Estado. De acordo com a Defesa Civil estadual, desde o começo do ano, 9 municípios já entraram situação de emergência por causa da estiagem. Atualmente, apenas Deodápolis continua com o decreto, que vence no dia 20 deste mês.

Isso não quer dizer que o pior já passou. Outros municípios já entraram em contato com a Defesa Civil para orientações e devem assinar o decreto, como Amambai, Fátima do Sul, Itaquiraí, Sete Quedas, Glória de Dourados, Perenos e Antônio João, todos no sul do Estado, próximo à fronteira do Paraná.

Elisa Estronioli
Do UOL Notícias
Em São Paulo

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Crônica 'Palmeiras do rio Aquidauana', de Lacerda Alves

Por: Antônio Cezar Lacerda Alves* (www.marcoeusebio.com.br)

Num tempo distante,
Despertada pelo rufar trovejante de tambores,
Num céu nevoento e rasgado por raios luminosos,
Dependurou-se a primeira lágrima, seguida por outras tantas...

Lá embaixo, lá naqueles confins, sabedora do porvir, a terra nua e virgem, aninhou-se para receber seu rebento.
Ele desaguou indolente, atordoado...
Sabia do destino a ser cumprido.
Quase pediu que afastasse de si o seu cálice.

De repente as nuvens se esvaeceram.
As trombetas se calaram.
O céu, a vida e os morros ficaram iluminados.
O longínquo e vasto horizonte encheu os olhos do pequeno messias.
Um agourento presságio passeou pelos seus sentidos.
Pensou embrenhar-se pelas entranhas subterrâneas,
Escapar do seu fado, desertar da sua missão.
Uma grande ave, entretanto, pousou nas proximidades.
Ficaram se olhando por longo tempo.
Um discurso mudo foi travado.
Em seguida ela levantou vôo e ele, resoluto, a seguiu.
Buscou a superfície, desceu as escarpas e a seguiu.
E foi, e foi, e foi!

Ao longo de seu sinuoso caminho, arregimentou forças, conquistou outros veios.

Muitas léguas e muito tempo depois, num lugar paradisíaco, a lágrima que virou fonte, que virou riacho e que, por fim, virou RIO, teve que enfrentar sua grande peleja.

Uma peleja que se transformou num dos mais belos espetáculos da natureza:

No vigor da juventude, já caudaloso e viril, nosso destemido RIO AQUIDAUANA, para cumprir seu elevado destino, teve que enfrentar o muro maciço da SERRA DE MARACAJU.

Foi uma longa batalha.

Um demorado encontro amoroso.

Sem violência, mas com vigor e intermitência, as águas do rio foram batendo vagarosamente na pedra dura.

À distância, pousado sobre os galhos de uma piúva pantaneira, um esperançoso TUIUIU testemunhava o assombroso ato e aguardava o inesperado desfecho.


Muito tempo se passou.

De repente, numa manhã primaveril, ao som das trombetas celestes, sob o alvoroço de nuvens brancas, com o sol nascendo ali do lado, a SERRA enfim foi desvirginada.

O TUTUIU, nessa única vez na vida, deslumbrado pela magia daquela cena lírica, emitiu um canto de inigualável e afinada beleza, que ecoou pela vasta e alarmada planície.

Em seguida tudo ficou em silêncio.

O tempo parou.

A natureza ficou morta.

Virou paisagem, fotografia.

O sol foi o primeiro a se despertar.

A ave, ainda extasiada, alçou vôo.

Prosseguiu mapeando o destino que ainda precisava ser cumprido.

O RIO, ainda tonto pelo demorado e prazeroso encontro, seguiu na direção que a ave lhe apontava.


Finalmente, muitas léguas depois, para cumprir seu destino, o RIO AQUIDAUANA, entregando-se à morte, despejou suas águas na BACIA PANTANEIRA e, juntamente com outros rios que cumpriam o mesmo destino, deu vida ao nosso querido PANTANAL.

As aves e os bichos fizeram festa.

O Tuiuiú foi aclamado rei.

Muito tempo depois,
Cortado pela Estrada Parque de Piraputanga,
Às margens desse valente RIO AQUIDAUANA,
Ao pé da vigorosa SERRA DE MARACAJU,
Às margens da Ferrovia por onde passou e sempre haverá de passar o TREM DO PANTANAL,
À sombra da paisagem que marcou indelevelmente aquele encontro amoroso da natureza,
Foi erguido um povoado.
Um lugarejo rústico, de gente humilde.
Gente vinda de todos os lugares.
Pessoas que ao passarem por ali, ficaram e nunca mais saíram.
Gentes que aceitaram e respeitaram a natureza como ela é.
Gentes que se integraram e se transformaram em elementos da própria natureza.
Gentes que se transformaram em guerreiros protetores dessa beleza sem igual.
Gentes que, para não desbotarem a natureza, viraram pássaros e transformaram suas casas em ninhos.
Gentes que ao semearem sonhos, regados pela amizade, viram nascer um feliz vilarejo.
Um vilarejo cercado de coqueiros, macaúbas, buritis...
Um vilarejo que se transformou em Palmeiras.

PALMEIRAS DO RIO AQUIDAUANA.


(*Antônio Cezar Lacerda Alves é advogado militante em Campo Grande-MS)

domingo, 5 de abril de 2009

HISTÓRICO DO CAVALO PANTANEIRO


O cavalo Pantaneiro é, provavelmente, oriundo de cruzamentos de eqüinos de origem lusitana (Céltico, Barbo e Andaluz), do Árabe e do Crioulo Argentino, sob pressão da seleção natural (Domingues, 1957; Corrêa Filho, 1973).

A primeira fase da formação histórica do Cavalo Pantaneiro está ligada à fundação de Buenos Aires, na Argentina, em 1.541. Pedro Mendoza trouxe cavalos e éguas, que foram abandonados após o incêndio da vila e seu despovoamento. Reaprendendo a viver nas planícies, o rebanho se reproduziu tanto que em 1580, quando da segunda fundação de Buenos Aires, já havia registro de manadas selvagens nas planícies da Argentina. Eram chamados "chimarrões".

Um século depois essas manadas eram calculadas em milhares. Já tinham chegado ao Paraguai e daí passaram ao Brasil, trazidas pela mão dos índios cavaleiros (GUAICURUS, dos quais os KADIWÉU eram os predominantes) e pelos Padres jesuítas, quando vieram fundar as reduções guaraníticas (Sete povos das Missões, Brasil e Salto del Guairá, Paraguai). Essas manadas se expandiram tanto que alguns animais chegaram ao Paraguai e, daí, pelo Chaco, passaram ao Pantanal do Mato Grosso.

A segunda fase da formação do Cavalo Pantaneiro começa exatamente no ponto onde os Bandeirantes desbravadores deixaram os cavalos soltos por toda a região pantaneira. Estes animais foram-se espalhando pelas imensas planícies Mato-grossenses, inundadas quase que em tempo permanente pelo rio Paraguai. Em conseqüência das distâncias e dificuldades de comunicação entre esta extrema zona e o litoral, o Cavalo Pantaneiro ficou totalmente isolado de outra espécies eqüinas, cruzando-se livremente entre si, sem qualquer influência e infusão de outros sangues. Tornou-se um ANIMAL DE MUITA CORAGEM. Criadores tradicionais preferem mantê-los semi-selvagens para que não percam a rusticidade.

Segundo o historiador cuiabano Cavalcante Proença, os primeiros cavalos vieram em 1.580, com Dom Alvar Nunes Cabeza de Vaca, um misto de conquistador e missionário, nomeado governador do Rio da Prata pelo Reino Espanhol, com a missão de salvar Buenos Aires e desenvolver Assunção, no Paraguai.

Cabeza de Vaca veio de navio até Santa Catarina, com quatrocentas pessoas e 26 cavalos. Daí seguiu por terra para Assunção, num percurso que o fez atravessar o Pantanal, até a altura do encontro do rio Cuiabá com o Paraguai. Nesse trajeto perdeu alguns cavalos, que se tornaram "baguá" (cavalo selvagem)

Nesses tempos o cavalo valia uma fortuna. Há uma escritura pública de 1551, em Assunção, da compra de um cavalo por quatro mil pesos de ouro. Pouco mais de cem anos depois, na mesma Assunção, seu valor não passava de quatro pesos. O que fez tamanha diferença foi que o cavalo se aclimatou facilmente nessa parte da América e se multiplicou depressa, principalmente como cavalo baguá, criado em liberdade.

O cavalo, vindo da Europa, assombrou os nosso índios. A maioria das tribos o tinha como fera (e o evitava) ou o via como caça (e o comia). Apenas uma nação, a dos mbaiás-guaicurus, entendeu direito o cavalo e o viu co­mo transporte e como arma. E esses índios, que já eram senhoriais e conquistadores, usaram o cavalo para aumentar infinitamente sua capacidade de luta e seu raio de ação. Tornaram-se, a partir de então, os “índios cavaleiros”.

Com suas diversas ramificações — entre as quais as dos Kadiwéu, existentes até hoje na região da Bodoquena, Mato Grosso do Sul, os índios cavaleiros ocupavam um território que ia de Cuiabá a Assunção. Combatiam tanto as outras tribos quanto o branco — espanhol, português - que vinham em busca de domínio e de escravos. Se eram quase imbatíveis lutando a pé, montados se tornaram o cão.

Félix de Azara, comandante das Fronteiras Espanholas do Paraguai de 1781 a 1801, escreveu que a salvação era que os guaicurus se contentavam com uma só presa em cada ataque, “ do contrário não restaria um só português em Cuiabá”.

Em 1795, o rebanho dos índios cavaleiros já era calculado em 8.000 animais pelo coronel Rodrigues do Prado, comandante do For­te de Coimbra, na divisa com a Bolívia. Quase todos mansos e adestrados na arte da guerra, da cavalaria e do esporte.

Na Guerra do Paraguai, em 1864, os índios cavaleiros, já então brasileiros por um tratado de paz assinado com a Co­roa em 1791, lutaram ao nosso lado, num Regimento Pantaneiro formado com cavalos de sua própria criação. E se tornaram importante fator militar na defesa de Mato Grosso.

A pureza da raça, em parte, só foi possível graças aos índios guaicurus.

Muitas das práticas de manejo, ainda hoje vistas no Pantanal, vêm dos guaicurus, os índios cavaleiros, que chegaram a entender mais de doença de cavalos do que dos incômodos deles próprios — no dizer do jesuíta espanhol Sánchez Labrador .

Os índios cavaleiros deram-se tão bem com o cavalo que criaram um modo próprio de montar, tanto no esporte como na guerra.

Isso acabou imortalizado pelo pintor Jean Baptista Debret no quadro Ataque da cavalaria guaicuru, hoje um clássico de nossa iconografia histórica, Ele imortalizou a imagem do guaicuru, galopando sobre o costado do Cavalo Pantaneiro, para fugir do alcance da mira inimiga. Diga-se de passagem, esses índios guerreiros foram considerados, à sua época, a mais ágil cavalaria do mundo.

O cavalo Pantaneiro é um animal ágil, resistente, inteligente, persistente, capaz de suportar longas caminhadas e possui um bom temperamento. Ele se multiplicou, formando um tipo adaptado às condições bioclimáticas, fruto da seleção natural por mais de quatro séculos, com pouca ou nenhuma interferência do homem.

O Cavalo Pantaneiro constituiu-se num fator de importância econômica e social, tornando-se imprescindível em trabalhos de gado e no transporte das boiadas, tanto no Pantanal como na região serrana.

Atualmente está sendo muito usado nos Clubes de Laço, em provas de laço comprido, de apartação, de team penning, em soltas, em provas de rédeas, nas cavalgadas, em enduros, e tem-se mantido à altura de outras raças, em todas as competições.

Os principais tipos de pelagem dos Pantaneiros são: tordilho (a maioria), baio , castanho, alazão, rosilho e lobuno. Todos os pelos são aceitos, menos o albino (melado).

No final do século XIX, a raça entrou em declínio principalmente devido a doenças, como a "peste das cadeiras " e a anemia infecciosa eqüina.

Por isso foi fundada em 1972 a Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Pantaneiro (ABCCP), cuja sede é em Poconé, MT., tendo por finalidade congregar os criadores, organizar e manter o Registro Genealógico da raça, fomentar a criação e estudar todos os assuntos referentes ao Cavalo Pantaneiro. Em 1988 a EMBRAPA/CPAP implantou um núcleo de criação na Nhecolândia, Corumbá MS., na Fazenda Nhu Mirim. Em 1.989 foi fundada a Associação dos Criadores do Cavalo Pantaneiro do Mato Grosso do Sul (ACCP/MS), que teve um período de grande movimentação, mas que, infelizmente tinha paralisado suas atividades. Em 2.003 foi reconstituída sua documentação e voltou a ter importante papel na criação e seleção do Cavalo Pantaneiro, participando inclusive da Expo-Grande, MS. A Universidade Federal do ato Grosso do Sul (UFMS) também mantém um criatório, na Fazenda Escola, em Terenos, MS. e, tem sido de relevante ajuda na seleção do Pantaneiro. O MS. hoje, tem um rebanho tão bom quanto o do MT., berço da raça deste "pequeno grande cavalo".

O Cavalo Pantaneiro tinha mesmo que ser um bicho muito especial. As condições de sobrevivência e de serviço nas fazendas pantaneiras exigem um animal de resistência, de estamina e inteligência que a conjuntura histórica desenhou quase milagrosamente para essa região.

Não é brincadeira passar ás vezes mais de seis meses dia e noite com a perna dentro d'água. Para a maioria dos outros cavalos isso é suficiente para apodrecer o casco e dar febre, fazendo uma geléia branca e disforme. Não é fácil sobreviver quase meio ano com o capim embaixo d’água, precisando bancar o anfíbio para não morrer de fome. O cavalo "enterra" a cabeça na água e, pasta. Não é pouco trabalhar o dia inteiro no brejão, com as quatro patas enfiadas no barro e na lama. Para um cavalo com casco aberto e impulsão traseira, isso seria a rendição e o afrouxamento.

Como diz um especialista em cavalos, Dr. Pedro Gouveia, há mais de meio século formando e julgando vários dos mais caros craques nacionais: "o que em outros cavalos seria defeito — o casco fechado e o corpo de atleta nada­dor, com o peito amplo e a garupa pequena e inclinada —, no Pantaneiro se transforma em virtudes insuperáveis. Esse cavalo miúdo, frugal e resistente ainda vai acabar reconhecido como o animal de serviço ideal para o Brasil."

Uma corrente da formação do Cavalo Pantaneiro diz que por volta de 1.736, o então Governador do Paraguai, mandou emissários comprar uma manada de vacas em São Vicente, SP., donde vieram as célebres "vacas de Gaete". Na travessia dos campos da Vacaria (Rio Brilhante, MS.), de Maracajú, MS., indo pelo Pantanal, alguns cavalos foram extraviados, outros foram roubados pelos índios guaicurus e, posteriormente, disseminaram-se pelos pantanais do Mato Grosso.

Outra corrente diz que o Pantaneiro descende dos cavalos da Fazenda do Curral, no Estado de Goiás e, que era do Imperador D. Pedro II, o qual presenteou o Governador do Mato Grosso (Don Luis Melo Albuquerque Pereira e Cáceres), com um lote de éguas e um garanhão. Este, além de servir às éguas da Cavalaria Real, passou a ser usado pelos fazendeiros da região pantaneira de Vila Bela da Santíssima Trindade, na época Capital do Estado do Mato Grosso. Por terem indo da Fazenda do Curral, por muitos anos, foram chamados de "CURRALEIROS" . Com a fundação da ABCCP., veio o REGISTRO no Ministério da Agricultura, com o nome de CAVALO PANTANEIRO.

O que ninguém discute mais é se o Pantaneiro é uma raça ou não. É uma raça perfeitamente fixada há mais de trezentos anos — atesta em documento oficial a Comissão Coordenadora do Cavalo Nacional, do Ministério da Agricultura.

Uma raça fruto da seleção natural, com pouca ou nenhuma ação do homem.





O MEIO AMBIENTE DA FORMAÇÃO DA RAÇA.



Sobreviver é uma proeza, nas condições ásperas do Pantanal — uma estação seca em que é comum a sede e o incômodo de caminha­das sobre brocotós de tijuco, que mais pare­cem pedras lascadas e, depois, uma estação de enchente com água pela barriga, frio e umidade. O potrinho precisa verdadeiramente ser sadio e ter muito caráter e rusticidade para resistir à temporada da cheia, acompanhando a mãe pelo banhado o dia todo.

Como, ao contrário do bezerro, o potrinho mama a toda hora, pela razão básica de que sua mãe não tem “caverna” para estocar o leite, é obrigado a acompanhá-la, onde quer que ela vá. E desde cedo é levado a andar na água, a nadar e a pastar com a cabeça mergulhada, prendendo a respiração. Esse é um dos segredos do cavalo Pantaneiro, diz o hipólogo Pedro Gouveia.

Para poder pastar com a cabeça embaixo d’água, o potrinho faz desde cedo exercícios respiratórios que abrem e ampliam o seu peito, fazendo dele ao mesmo tempo um animal, vamos dizer, com tração dianteira e de incrível resistência. As narinas largas e elásticas chegam a ficar transparentes na hora de maior esforço, mas são apenas mais um sinal externo da sua grande capacidade respiratória, fator decisivo de saúde e resistência.

Sendo amplo na frente e fino atrás, com a garupa inclinada, o Cavalo Pantaneiro não é nenhum campeão de beleza como desenho. Mas leva enorme vantagem no barro, que é a fatalidade do seu hábitat , porque não empurra o corpo como os outros, mas sim, puxa. E alia essa qualidade ao casco fechado, peque­no, como “casco de burro” , o que diminui o atrito no brejão e ajuda na resistência à broca.

Qual­quer cavalo sem ser o Pantaneiro não passa impune por um período de seis meses com a pata permanentemente dentro d’água. A broca do casco é desenvolvida por um fungo, que, como todo fungo, se exacerba na umidade e que durante a enchente pantaneira está com a corda toda.

Com uma resistência que vem sendo selecionada pela natureza há mais de quatro séculos, o Cavalo Pantaneiro atravessa a enchente com um casco ligeiramente brocado, no máximo dois. A unha cresce um pouco, há um certo desvio no ponto de apoio, mas o egueiro ou qual­quer peão da fazenda sabe dar jeito naquilo.

Donato Malheiros, vaqueiro do Poconé, Mt., preto como a asa de jacu, fuçado na medicina pantaneira, diz que resolve o problema da broca com sebo de rim e lã de carneiro, para não entrar água, terra ou estrume. Depois faz uma revisão no casco, tirando as rebarbas e excessos com faca, deixando o casco limpo, pequeno e redondinho. Aí o cavalo sente firmeza outra vez e vai se curar sozinho. Estelito Rodrigues, mestre caçador de Poconé, diz que é emocionante trabalhar com o Cavalo Pantaneiro, porque ele sempre sabe o que está fazendo. Na caçada de onça ele avisa da presença do bicho. Na "bagualeada" ele pisa macio, vai dando sinal com a orelha, abaixando e suspendendo, ora uma, ora outra. Só não consegue esconder o bati­do do coração. Quando chega perto do boi baguá, o coração bate tão forte que até o cavaleiro do lado escuta.

Um dos costumes dos pantaneiristas é fazer a cola do cavalo, isto é fazer o “jaravi” , que, quando bem feito, as plumas do rabo ficam lisas, cadentes e é chamado de "pluma de garça" . É feito à faca e o comprimento vai depender do tamanho do sabugo. A aparação da crina pode ser reta (ponta de lança) ou em “meia-lua”.

Cavalo Pantaneiro não dá marcha nem andadura; seus andamentos são o passo, o trote, o contra-passo, o galopinho e a disparada.

Nos últimos anos, o Cavalo Pantaneiro voltou a ser respeitado e retomou seu lugar de destaque no criatório nacional. Mas quase desapareceu, após a infestação de anemia infecciosa que dizimou, segundo cálculos conservadores, quase 100.000 animais em pouco tempo e afetou outro tanto.

O problema com a anemia infecciosa foi que ela não veio sozinha. Seus efeitos se somaram à devastação da grande enchente de 1974 e à investida de frigoríficos de cavalo sobre as tropas do Pantanal. Num momento de necessidade de dinheiro, os criadores entrega­ram por nada, dezenas de milhares de éguas e potros, alguns com seleção de trezentos anos, que nunca mais se recuperará.

Não foi a primeira vez que o Pantaneiro passou apertado; no começo do século, vinda da Bolívia, a “peste das cadeiras”, que se dizia transmitida pela capivara, também pareceu que ia acabar com a raça. Mas o Naganol venceu a peste, e hoje até as capivaras es­tão imunes.

Para Dr. Pedro Gouveia, a anemia chegou ao Jockey de São Paulo, importada, com algum cavalo que veio do exterior. E aqui demorou a ser identificada, permitindo que se espraias­se por todo o País. Ao Pantanal foi levada por algum boboca que apanhou um puro-sangue inglês estourado do Jockey Paulistano e o transportou à fazenda pantaneira para “melhorar” a raça... O Dr. Pedro já trabalhou com inglês, árabe, manga-larga, quarto-de-milha e com várias outras raças, as quais elogia, em condições específicas. Mas insiste: “ideal para o Brasil é o "Pantaneiro”, como cavalo de serviço".

A alimentação é baseada nos mais variados tipos de gramíneas. Existem vários criatórios de Cavalos Pantaneiros que se desenvolvem nas partes altas do Pantanal, lugares que não sofrem alagações. Os animais criados nas partes altas também vivem a campo.

A doma adotada é a racional, baseada na conquista do animal com carinho e inteligência, ajudando a mostrar ao cavalo tudo o que ele pode fazer.

O cavalo Pantaneiro dispensa maiores considerações. Ele foi forjado pela natureza.

É UM CAVALO considerado ECOLOGICAMENTE CORRETO, por estar ADAPTADO ANATÔMICA e FISIOLOGICAMENTE AO SEU MEIO !

Crie PANTANEIRO e sinta a diferença !

PANTANEIRO, O NOSSO CAVALO !