domingo, 2 de dezembro de 2007

Homem Pantareiro

O homem pantaneiro que há mais de duzentos anos habita o Pantanal aprendeu a conviver, em harmonia com o "seu mundo "inundado, úmido ou seco".

Quando se fala de cultura pantaneira, não se pode deixar de mencionar além do ambiente natural em que vive, a diferença entre o pantaneiro, o peão e o fazendeiro, todos interligados e chegando mesmo a confundir-se, nos costumes hábitos e crenças.

Todos ligados a um conjunto econômico que configura as tendências culturais de um, em oposição a cultura mais requintada do fazendeiro, que valoriza uma tradição mais feudal, ou mesmo burguesa, que normalmente prefere viver no conforto da cidade, entre elas Campo Grande, Corumbá, ou Cuiabá, como também há os fazendeiros que preferem viver nas fazendas mantendo um alto padrão de vida.

Os peões, homens afeitos à vida rude do campo e à lida com o gado, gente de quase ou nenhuma alfabetização, vivem praticamente isolados nas fazendas, longe mesmo de parentes ou família. São diferentes do pantaneiros, em apenas alguns aspectos, como não mantendo moradia fixa, trabalhando de fazenda em fazenda, onde oferecer trabalho, e o aspecto parecido com o pantaneiro, está em nunca sair do pantanal; como a mão-de-obra em uma região isolada como o Pantanal é sempre bem vinda, sempre acham trabalho, como funcionários ou fazendo empreitadas.

Apesar dessa aparente liberdade, a vida do peão gera uma forte relação com o proprietário da fazenda, constituindo-se um elemento de confiança do patrão.

É um tipo típico da região - o peão do Pantanal difere dos outros pela indumentária necessária ao meio em que habita, região sujeita a alagação por ocasião das chuvas e pelos trasbordamento dos rios, que lhe dá uma rotina completamente diferenciada.

Nas fazendas o peão mora junto a sede, com relativo conforto, ou em locais afastados da sede chamados de retiros, onde muitas vezes habita em choupanas rústicas, cobertas de palha e chão de terra batida, e dorme em rede. Esses retiros afastados, são em conseqüências das fazendas serem muito extensas e a necessidade desses locais afastados para um melhor controle da criação.

Toda generalização, em relação a peões e fazendeiros, não pode abranger todo o seu universo, os níveis de vida variam muito de fazenda para fazenda e derivam da mentalidade de cada proprietário.

Sua principal tarefa consiste em conduzir o gado ante qualquer prenúncio de cheia, para os pontos mais elevados das pastagens, as "cordilheiras". Mesmo assim muito gado se perde.

A vida do peão está ligada estreitamente a natureza, ao mundo ao seu redor; exemplo disso está no seu modo alimentar, muito simples, reduzido a três repletas refeições diárias à base de arroz, mandioca, farofa, feijão, carne em abundância, peixe a vontade, e verduras raramente. A primeira refeição, feita ao amanhecer, o que chamam de quebra-torto, e para passar o dia trabalhando no campo, o peão leva a matula. E o tereré, tomado antes do almoço e no meio da tarde.

Outra peculiaridade do peão que o caracteriza como um homem simples, são suas receitas medicinais como: melado de aroeira, sendo excelente para torções e fraturas, gordura de sucuri tira bronquite, entre outros.

O pantaneiro, no passado dizia-se que era o caboclo ou mestiço, filho de branco com índio, de cabelos lisos, cor acobreada, queimado de sol e habitante da região do Pantanal, mas não existe um estudo científico e comprovado sobre sua sociedade, costumes e hábitos, o que ocorre, são pesquisas e levantamentos sobre seu habitat e suas peculiaridades, habitando num mundo, onde as condições são ímpares, seja ele pantaneiro, peão, morador da cidade ou mesmo o fazendeiro, integrado a tudo que o rodeia.

É um homem simples, calmo, resistente, acostumado ao sertão, e a solidão, se alimenta do que colhe, planta ou cria, também de peixes tão abundante na região, frutas silvestres e raízes.

O pantaneiro é um conhecedor de plantas e mantém com elas um relacionamento diário. Para orientação e locomoção no Pantanal, ele observa como marco uma piúva ou um capão que, ao recém-chegado, parece igual a centenas de outras; onde tem, caeté, o carro atola. Onde tem embaúba, dá bom poço; onde tem acuri, pode ter porco. Quando a fome ou a sede aperta, várias frutas nativas podem amenizar a dura jornada: ananás, araça, ariticum, bocaiúva, cabrito, cajuzinho, etc.

O trabalho no campo exige do pantaneiro habilidade e grande resistência, para passar grande parte do dia em cima das montarias. Os arreios sofreram modificações ao longo do tempo, como o acolchoado que antes era de capim passou mais tarde para pele de animal, e assim várias outras indumentárias foram mudando com o tempo.

Fonte: O Pantaneiro (Jornal de Aquidauana -MS)

http://www.pantanalms.tur.br/habitats.htm

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